Pouco mais da metade dos empresários paranaenses vê 2017 com otimismo

O ano que se inicia em pouco mais de duas semanas não promete ser de grandes expectativas para o setor industrial paranaense. De acordo com a 21ª Sondagem Industrial, realizada anualmente pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PR), pouco mais da metade das empresas enxerga 2017 com expectativas favoráveis ao negócio. Mesmo que esse valor represente uma melhora significativa em relação a 2016, o indicador está abaixo dos períodos com histórico de percepção otimista, com níveis acima dos 70 pontos. Alguns fatores, como carga tributária elevada e encargos sociais foram apontados como gargalos por quase todos os entrevistados pelo levantamento.

 

Para Sebastião Ferreira Martins Junior, vice-presidente da Fiep e industrial do setor de pré-moldados de concreto, a pesquisa mostra que a maioria está otimista e “acredita que 2017 será melhor, pois as indústrias estão buscando superar no ambiente interno as dificuldades, muitas vezes fazendo investimentos, grande parte com capital próprio, uma característica do industrial do norte do Paraná que tem uma história de garra e inspiração”. Segundo ele, a burocracia e a instabilidade não animam os dirigentes das organizações.

 


A 21ª edição da Sondagem Industrial da Fiep ouviu 390 empresas, sendo 107 de médio e grande porte e 290 micro e pequenas de todo o Estado. O questionário contempla seis áreas de interesse: assuntos internacionais; produtividade; competitividade; estratégias de maior importância — de vendas e de compra; qualidade; infraestrutura e meio ambiente.


Otimismo x pessimismo

 

Segundo apurado pela sondagem, 55,11% do empresariado paranaense vê 2017 de maneira favorável, enquanto 21,51% estão pessimistas e 23,39% adotaram olhares indefinidos. O total de otimistas é o segundo menor da série histórica, iniciada em 1996, à frente apenas da perspectiva apresentada para o ano de 2016, quando o indicador registrou discretos 32,89% de otimismo.

 

O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, afirma que os dados refletem a incerteza dos industriais paranaenses diante da persistente recessão econômica e da instabilidade política do país. Ele classifica como positiva, porém, o crescimento no percentual de industriais otimistas para o próximo ano. “Apesar de termos um quadro bem pessimista em 2016, e olhando as projeções pouco animadoras de vários economistas, felizmente tivemos um aumento significativo no nível de expectativas positivas em relação à pesquisa anterior”, afirma. “Mas só teremos a plena recuperação desse indicador quando houver a efetiva retomada do crescimento", acrescenta.

 

Para os que olham o próximo ano de modo mais favorável, 34,46% apontam que devem ocorrer novos investimentos. De olho nas vendas, 46,05% deles entendem que durante o ano devem ver esse indicador aumentar, mas apenas 19,49% dos que responderam à pesquisa acreditam que haverá aumento de emprego.

 

O ceticismo sobre o aumento de vagas na indústria para 2017, avalia a sondagem, refletem a expectativa de que a indústria seguirá se transformando estruturalmente, incorporando por necessidade novos padrões tecnológicos diante de um ambiente cada vez mais competitivo.

 

Já no grupo dos pessimistas, que somam 21,51% dos ouvidos pela sondagem, 46,15% informam que não farão novos investimentos no próximo ano; 25,38% entendem que haverá redução do emprego e 28,46% já trabalham com a possibilidade de queda nas vendas.

Ainda de acordo com o estudo, entre os problemas externos às empresas, a carga tributária elevada foi responsabilizada por 83,06% dos ouvidos como o principal entrave para a concorrência no mercado interno. Na sequência, 69,89% dos industriais identificaram os encargos sociais elevados.

  

Recursos e produtividade

 

A sondagem constatou também que 71,77% devem utilizar recursos próprios como fonte de novos investimentos, e só 0,27% vislumbra a possibilidade de ter no mercado financeiro, por meio de emissão de ações, uma possibilidade de geração de capital. As linhas de crédito governamental e crédito privado nacional se apresentam como possibilidades para 24,19% e 19,35% dos entrevistados, respectivamente.

 

Por outro lado, o estudo identificou que apenas 8,06% das indústrias paranaenses não registraram aumentos de produtividade em 2016. Para os que tiveram aumento no quesito, 30,91% entendem que se trata de resultado de um melhor gerenciamento de pessoal, enquanto 24,19% apontam para a modernização tecnológica. Apenas 3,23% identificaram a terceirização como um fator importante para o crescimento da produtividade nos negócios.

 

Micro e Pequenas

 

O pouco otimismo quanto ao próximo ano também se reflete entre as micro e pequenas empresas. Apenas 55,31% se mostraram otimistas com relação ao próximo ano — também o segundo menor nível de expectativas da série história, à frente apenas do que os empresários esperavam para 2016, quando o índice foi de 32,56. Ainda segundo a avaliação, 18%,68 estão pessimistas e 26,01% não sabem exatamente o que esperar de 2017.

 

O superintendente do Sebrae-PR, Vitor Roberto Tioqueta, destaca a relevância do estudo para o atendimento aos empreendedores. “Ouvir micro e pequenos empreendedores da indústria, de todas as regiões do Paraná, entender suas demandas e expectativas, gera a oportunidade de direcionar ações para auxiliá-los nas suas necessidades”, pontua. “Tivemos um aumento do nível de expectativa em relação ao ano passado, o que mostra que os empresários estão querendo investir mais, melhorar suas empresas e gerar mais empregos”, completa.

 

Sob o olhar dos otimistas para o próximo ano, 33,20% deles indicam que farão novos investimentos, 47,49% aguardam aumento das vendas e, repetindo o registrado na sondagem geral (que inclui micro e pequenas indústrias), um número menor de empresários, 19,31%, acredita na possibilidade de aumento de emprego.

 

Já entre os pessimistas, que somam 18,68%, 44,44% deles indicam que não realizaram novos investimentos, 25,93% apontam para a redução de empregos e 29,63% vislumbram queda nas vendas.

 

Para 59,71% das micro e pequenas e empresas industriais, a estratégia mais importante adotada em 2016 foi a satisfação do cliente, seguida de perto pelo desenvolvimento de negócios – 57,88%. Também ao longo deste ano, 52,63% informaram que foram a terceiros buscar recursos, enquanto 29,82% não viram necessidade de utilizar recursos externos e 17,54% não tiveram acesso às linhas de financiamento disponíveis no mercado. Para este último grupo, os principais problemas foram restrições cadastrais (34,48%), burocracia (24,14%) e taxas elevadas de juros (20,69%).

 

A pesquisa registrou que, ao longo de 2016, 14,72% dos empresários paranaenses não tiveram aumento de produtividade. Já para os que obtiveram crescimento no quesito — 85,28% —, 34,64% indicaram o melhor gerenciamento de pessoal como o principal responsável pelo resultado obtido, enquanto 26,26% informaram que a modernização tecnológica contribuiu para o ganho de produtividade.

 

Apesar dos ganhos de produtividade identificados em 2016, a carga tributária elevada também foi apontada por 84,98% das micro e pequenas empresas como o principal obstáculo para enfrentar a concorrência interna. Os encargos sociais elevados se mostraram o segundo entrave, sendo apontado por 71,79% dos entrevistados pela sondagem.

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